sábado, 24 de outubro de 2009

Quando ganha um professor II


OIT e a Unesco dizem que o Brasil é um dos países com o maior número de alunos por classe.


”O professor brasileiro é um herói. Batalha com afinco contra tudo e todos em prol de uma educação de qualidade em um país que não se importa com o tema, ensinando em salas hiper-lotadas de escolas em péssimo estado de conservação. Tem de trabalhar em dois ou três lugares, com uma carga horária exaustiva. Ganha um salário de fome, é constantemente acossado pela indisciplina e desinteresse dos alunos e não conta com o apoio dos pais, da comunidade, do governo e da sociedade em geral.”

O Mundo inteiro reconhece que o desenvolvimento de uma nação é diretamente proporcional ao investimento em educação. Exemplo veemente desta relação é a Coréia do Sul, país localizado no Sudeste asiático que no passado elegeu a educação como uma das prioridades de sua política de governo e atualmente colhe os resultados. Em 1960, a renda per capita da Coréia era a metade da dos brasileiros - em 2000, ela era mais do que o dobro. Isso ocorreu porque a partir de 1962 este país resolveu investir maciçamente em educação - básica e universitária, além de dar ênfase à promoção das exportações. Isso representou ampliação do numero de escolas e criação de incentivos para estudantes de engenharia e de cursos técnicos.

Até os EUA, referência de desenvolvimento e qualidade de vida no Ocidente, aponta a necessidade de fazer mais investimentos em educação, o que atesta sua importância para o progresso das nações. Na campanha à presidência dos EUA, por exemplo, O ex- candidato democrata Al Gore anunciou como uma de suas principais metas a elevação do nível educacional no país, ampliando de 13 para 16 o número de anos de ensino. Na Europa, esse número corresponde a 12 anos, enquanto a América Latina apresenta uma média de ensino de sete anos. Nossos índices nesse campo são muito ruins - apenas 5 anos, o que indica que o país ainda não elegeu a educação como prioridade.

No Brasil podemos registrar alguns projetos que foram fundamentais neste setor, embora ainda sejam necessárias muitas outras medidas. Além da Lei de Diretrizes Básicas da Educação, podemos citar o Fundef, que foi um grande avanço, possibilitando a universalização do ensino fundamental. É evidente, no entanto, que qualquer esforço para a melhoria da educação em nosso país passa pela valorização do trabalho do professor e a garantia de melhores condições de trabalho para este profissional.

O Dia do Professor, comemorado em outubro, representa uma oportunidade não apenas para homenageá-lo como também para refletir sobre o papel deste profissional, desde a "professorinha" do primeiro grau, dedicada e simples, do mais longínquo rincão do Brasil, até o mestre dos cursos de Mestrado e Doutorado de nossas universidades. Sem exagero, podemos dizer que o professor é um verdadeiro "condutor de almas", quem tira das trevas aqueles que precisam saber, conhecer. O professor é um pouco do general que conduz os exércitos para a batalha - só que para a batalha do conhecimento, do saber. O professor brasileiro de primário é um dos que mais sofre com os baixos salários, mostra pesquisa feita em 40 países pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) divulgada , em Genebra, na Suíça. A situação dos brasileiros só não é pior do que a dos professores do Peru e da Indonésia.

Um brasileiro em início de carreira, segundo a pesquisa, recebe em média menos de US$ 5 mil por ano para dar aulas. Isso porque o valor foi calculado incluindo os professores da rede privada de ensino, que ganham bem mais do que os professores das escolas públicas. Além disso, o valor foi estipulado antes da recente desvalorização do real diante do dólar. Hoje, esse resultado seria ainda pior, pelo menos em relação à moeda americana.

Na Alemanha, um professor com a mesma experiência de um brasileiro, ganha, em média, US$ 30 mil por ano, mais de seis vezes a renda no Brasil. No topo da carreira e após mais de 15 anos de ensino, um professor brasileiro pode chegar a ganhar US$ 10 mil por ano. Em Portugal, o salário anual chega a US$ 50 mil, equivalente aos salários pagos aos suíços. Na Coréia, os professores primários ganham seis vezes o que ganha um brasileiro.

Com os baixos salários oferecidos no Brasil, poucos jovens acabam seguindo a carreira. Outro problema é que professores com alto nível de educação acabam deixando a profissão em busca de melhores salários.

O estudo mostra que, no País, apenas 21,6% dos professores primários têm diploma universitário, contra 94% no Chile. Nas Filipinas, todos os professores são obrigados a passar por uma universidade antes de dar aulas.

A OIT e a Unesco dizem que o Brasil é um dos países com o maior número de alunos por classe, o que prejudica o ensino. Segundo o estudo, existem mais de 29 alunos por professor no Brasil, enquanto na Dinamarca, por exemplo, a relação é de um para dez.

Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o salário médio do docente do ensino fundamental em início de carreira no Brasil é o terceiro mais baixo do mundo, no universo de 38 países desenvolvidos e em desenvolvimento. O salário anual médio de um professor na Indonésia é US$ 1.624, no Peru US$ 4.752 e no Brasil, US$ 4.818, o equivalente a R$ 11 mil. A Argentina, por sua vez, paga US$ 9.857 por ano aos professores, cerca de R$ 22 mil, exatamente o dobro. Por que há tanta diferença?

O professor exerce papel fundamental na formação das pessoas, comparável ao da própria família, na tarefa de transmitir valores e conhecimentos responsáveis pela definição dos destinos de cada um. Da alfabetização ao ensino de conceitos físicos ou filosóficos, das primeiras operações à solução de equações complicadíssimas, é o professor quem abre novas perspectivas de vida para as pessoas. Por este motivo, é necessário que sejam valorizados na mesma proporção do que representam para a sociedade, para o país.

O Brasil precisa, portanto, definir urgentemente políticas de educação, com o estabelecimento de metas factíveis que possam, efetivamente, amenizar esta cruel forma de exclusão, que é o analfabetismo e a falta de qualificação profissional. Só assim o país poderá vislumbrar um futuro mais promissor.

Fonte aqui


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