Mulheres já assumem o comando dos aviões da FAB. As mulheres estão conquistando cada vez mais espaço na Força Aérea Brasileira (FAB) em atividades até então consideradas exclusivas dos homens. O exemplo mais recente veio com a decisão inédita da Aeronáutica de aceitar candidatas para o curso de formação de pilotos da Academia da Força Aérea. A medida dará a oportunidade para milhares de jovens brasileiras realizarem o sonho de pilotar aviões militares.
Este sonho já está sendo realizado em parte pela tenente e engenheira elétrica formada pelo ITA, Thaís Franchi Cruz, a primeira mulher militar do Brasil a fazer o desafiante curso de engenharia de ensaios em vôo do Centro Técnico Aeroespacial (CTA). O curso, além de ser único na América Latina, está entre os quatro melhores do mundo, sendo que em nível de exigência é considerado o melhor ao lado do curso realizado na Inglaterra.
"No começo, fiquei um pouco assustada com o trabalho e os termos técnicos, já que minha formação não tinha nada a ver com aeronáutica. Agora já consigo participar dos vôos com tranqüilidade". Em meio a manobras radicais, Thaís precisa de concentração para fazer anotações e cálculos sobre o desempenho das aeronaves. A engenheira e seus sete colegas estão sendo preparados para fazer a análise teórica e prática de aviões militares.
Em setembro, Thaís embarca para os Estados Unidos para participar do momento mais esperado pelos alunos do curso: "Vamos voar nos caças da Força Aérea dos Estados Unidos. É uma experiência única poder experimentar aviões do porte do F-16", disse.
No Brasil, Thaís poderá integrar a equipe de engenheiros de ensaios em vôo do CTA que acompanha o desenvolvimento dos aviões da Embraer. Todos os pilotos de prova da empresa hoje, inclusive, são militares da reserva que fizeram o curso de ensaios em vôo do CTA.
Thaís também foi pioneira ao tornar-se a primeira militar e engenheira eletrônica do ITA. Desde a primeira turma, em 2000, o ITA formou até hoje seis mulheres, sendo que apenas ela optou pela carreira militar. "A presença delas no ITA representou uma grande mudança. Hoje, elas são 40, entre 500 alunos", disse o reitor Michal Gartenkraut. Em 2001, dos 8.300 candidatos inscritos, 20% eram mulheres.
"As meninas que entram no ITA, em geral, são as melhores alunas, pois estudam mais, comportamento natural também de quem é minoria", explica. Grace Rodrigues de Lima, estudante de engenharia aeronáutica, e Denise Beatriz Teixeira Pinto, de engenharia mecânica, são dois casos típicos do ITA. Alunas do quarto ano, as duas ainda se dedicam a atividades extracurriculares e estágios em empresas como Embraer e Johnson& Johnson.
Grace, por exemplo, passou o segundo e o terceiro ano do curso do ITA fazendo um estágio na Embraer, na área de engenharia baseada no conhecimento, tecnologia de ponta usada no desenvolvimento da nova família de jatos regionais da empresa. Fluente em inglês, Thaís ainda participa de um programa de ação social dando aulas para jovens carentes da comunidade e já cursa o terceiro ano de alemão. "São atividades que complementam e enriquecem meu currículo e a minha vida pessoal", comenta.
A Aeronáutica foi a primeira força armada brasileira a admitir mulheres para a formação de oficiais, a partir de 1981. Atualmente existem 2.492 mulheres em serviço ativo na Aeronáutica, sendo 1.433 oficiais e as demais 1.059 são sargentos. Deste total, 56 mulheres já chegaram ao posto de major, 280 no de capitão e 480 na de primeiro sargento.
No ano passado, as mulheres também ganharam autorização para participar do curso de formação de sargentos da Aeronáutica, podendo concorrer às vagas em especialidades como controle de tráfego aéreo, eletrônica, meteorologia, administração, cartografia, desenho, enfermagem, entre outras.
As mulheres que concluírem o curso de oficiais aviadores na Academia da Força Aérea, em Pirassununga (SP), poderão chegar ao mais alto posto da hierarquia da FAB, que é o de tenente-brigadeiro. A Aeronáutica autorizou a abertura de 20 vagas para serem disputadas pelas mulheres. Em 1999, 17 cadetes mulheres já haviam concluído o curso de intendência da AFA, que teve a duração de quatro anos.
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